A Palavra

Eugene H. Peterson, professor emérito do Regent College, em Vancouver – Canadá, diz o seguinte: Esse livro (a Bíblia) nos torna participantes no mundo da existência e da ação de Deus; nós não participamos dele em nossos próprios termos. Não elaboramos a trama nem decidimos qual será o nosso personagem. Esse livro tem poder gerador: coisas acontecem conosco quando permitimos que o texto nos inspire, nos estimule, repreenda, apare as arestas. Ao chegar ao fim desse processo, não somos mais a mesma pessoa.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O NATAL SEGUNDO DEUS


E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João 1.14.
Jesus é considerado na Teologia, o Logos que estava com Deus no princípio e, portanto, preexistia. Quando foi encarnado, revelou-se a si mesmo, como Deus, exatamente como seu Pai, atribuindo-se o nome plenamente significativo de “Eu Sou”. Aqui se unem o Ser e o Logos e findam-se os sofismas. Seria muito difícil viver uma vida de incertezas devido à pluralidade nos discursos e constantes mudanças nas interpretações de sensações variadas e relativas. Em seu livro Compreender Platão, Christophe Rogue observa: “Para Platão, o ser e o logos que o exprime não podem ser senão um, sem o que é preciso renunciar a toda ideia de verdade e, consequentemente, a toda moral.” Jesus reúne em si mesmo o Ser e o Logos, seu discurso era, e é, único e condizente com seu ser, portanto, verdadeiro e real; suas palavras são “espírito e vida”, como ele próprio afirma em registro do evangelho de João. (excerto do livro Sangrando até a vida, pg. 154).

No versículo citado acima, no início do texto, a Palavra nos diz que o Verbo (Jesus) se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade. Diz ainda que todos viram sua glória, glória como do unigênito do Pai. Quando Jesus resolveu vestir-se de humanidade e revelar a sua glória e a glória do Pai a nós, seres humanos, o Natal aconteceu. Esse é o verdadeiro Natal de Deus, cheio de luz, cheio de verdade, cheio de glória, cheio de graça, e graça eterna, daquela que não termina após as festas. 

Porém, nem agora e nem mesmo na época desse acontecimento tão grandioso, a humanidade entendeu e enxergou o Natal como ele realmente é, com todo seu significado, em toda sua glória, a glória de Deus. Tanto agora, como naquela época, temos pessoas que foram iluminadas por uma luz verdadeira, aquela que abre o espírito, além da mente, mas há também um grupo que vê apenas lampejos dessa glória e acha suficiente. Outro grupo vê apenas o brilho das luzes do mundo, uma luz que, embora brilhante e bonita, é apenas um reflexo bem aquém da luz verdadeira. Há outros que não veem nada, nem um mínimo reflexo de claridade. São esses os que dizem “detestar” o Natal. Claro, nunca vão poder aceitar e muito menos amar algo que não entendem, nem mesmo conhecem. 

Há ainda grupos diferentes: Pessoas que se viram envolvidas por algum tipo de escuridão que as apanhou no meio da vida, ou em algum pedaço dela. Escuridão gerada por acontecimentos trágicos, tristes, e que apagaram a luz natalina que havia dentro deles. Essas pessoas só precisam entender que em Jesus, a luz do Natal pode ser reacendida em suas vidas com uma intensidade muito maior ainda. No seguir do texto do evangelho de João citado acima, no início, lemos que “a vida estava nele (Jesus) e a vida era a luz dos homens, a saber, a verdadeira luz, que vinda ao mundo, ilumina a todo homem.” (versos 4e9). A luz resplandece nas trevas, sejam elas de que tipo forem, as trevas não prevalecem contra a luz. Ninguém precisa andar nas trevas, a não ser que queira.

Mas há ainda um grupo que “escolheu” ignorar o verdadeiro sentido do Natal em nome do comércio, usando lendas criadas pelo ser humano, estórias bonitas e cheias de “magia” nascidas no paganismo e não em Deus, como podemos assistir em alguns filmes por aí. E, principalmente, a figura do “bom velhinho”, tão bonachão e meigo, que povoa a imaginação das crianças e adultos roubando sorrateiramente o lugar da figura que realmente merece atenção no Natal, ou seja, Aquele que é muito mais do que um “bom velhinho”, pois não se pode encaixá-lo em nenhuma idade cronológica já que Ele é eterno, não teve princípio de dias nem terá fim. Aquele que apesar de habitar num alto e sublime trono, de viver rodeado de anjos e querubins, de ser o Alfa e o Ômega, a brilhante Estrela da manhã, de viver em meio à glória excelsa que não podemos alcançar com a nossa mente, apesar de tudo isso, esse que é um Ser Supremo e sem igual, não pensou duas vezes para deixar todo seu esplendor e descer até o nosso humilde plano existencial para garantir que tivéssemos luz, salvação e graça, através do Seu Natal. Podemos festejar e celebrar o Natal com muita alegria, luzes, flores, ceias maravilhosas e presentes, mas, não podemos e não devemos, até por questão de educação, deixar o aniversariante de lado. Ele é o verdadeiro dono do Natal! Jesus, o Verbo da vida, a luz do mundo. Foi Ele quem nos concedeu o Natal.

A Ele toda a honra, toda a glória e toda a adoração, não apenas no Natal, mas sempre e eternamente, porque essa é a sua linguagem, a eternidade.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A inspiração da Palavra


“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça...” I Tim. 3.16

A Palavra de Deus também conhecida como a Escritura − às vezes citada no plural; as Escrituras − não foi inspirada por nenhuma “musa” que se apoderou de algum espírito humano para manifestar diferentes estórias ou fábulas engenhosas como diz Pedro em sua segunda carta aos cristãos da sua época.

A inspiração divina da Bíblia se mostra clara por sua mensagem concisa em torno de um fundamento: A salvação do ser humano através do próprio Deus. Tudo, nas Escrituras, aponta para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e isso vem desde o Gênesis, quando o homem cai e Deus inicia o processo de redenção do ser humano. No capítulo 3 do livro de Gênesis, no verso 21, está escrito: “Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu”.

Essas vestimentas de peles custaram a vida de algum animal no Éden, que precisou ser sacrificado para que a vergonha de Adão e Eva fosse coberta, pois no momento em que “descobriram” o bem e o mal, descobriram também a vergonha de estarem nus. Se não tivessem a noção de “mal”, continuariam nus sem se envergonhar, mas esse já não era um estado normal para eles depois que insistiram em experimentar coisas que Deus havia proibido. E Deus, já no início, deixa claro que um animal não pode valer mais que um ser humano, apesar de muitos seres humanos de hoje serem bem piores do que os animais. Essa vocação para o mal foi gradativa e crescente, desde que tiveram interesse em apenas conhecer o mal.

Esse animal sacrificado prefigurava o sacrifício que deveria ser feito mais tarde pelo Messias, Jesus, para resgatar completamente a humanidade do seu estado de vergonha e dor. Enfim, percebemos através da sua Palavra escrita, a Bíblia, que a partir daí, toda a história da humanidade e os eventos do povo escolhido por Deus (Israel) para expressar as realidades espirituais aqui no mundo físico, giram em torno de fazer conhecido o plano de redenção de Deus, assim como seu imenso amor, poder e soberania sobre todas as coisas.

E a Bíblia é fiel nisso; unindo Antigo e Novo Testamento, vemos coerência em sua mensagem apontando para a queda do ser humano, sua necessidade de resgate no mundo espiritual e o impressionante mover de Deus para possibilitar esse resgate. Embora a Palavra tenha sido escrita por vários homens, em diferentes condições e épocas, de variados pontos de vista e, portanto, com diferentes perspectivas, percebe-se unidade de propósito na sua mensagem. Isso significa, simplesmente, que “um” apenas é o Espírito inspirador desses escritos sagrados.


Dois apóstolos dos mais conhecidos e dos mais respeitados atestam com firmeza a inspiração divina das Escrituras: Pedro em sua segunda carta aos que receberam a fé e Paulo em sua primeira carta aos Coríntios, veja os textos:

“... mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos [e escrevemos], não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais...” I Cor 2.9-13. Palavras de Paulo aos habitantes de Corinto. Colchetes acrescentados para lembrar que estamos falando da palavra escrita também e não apenas da palavra falada.

“... Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade... sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” II Pe 1. 16...20-21. Palavras do apóstolo Pedro aos cristãos da sua época. 

Além dos testemunhos dos apóstolos e do próprio Jesus, temos também evidências históricas de que a Bíblia nunca foi um livro comum. Não é à toa que ela continua aí, nos exortando, nos aperfeiçoando e nos chamando para a vida, a verdadeira vida.