A Palavra

Eugene H. Peterson, professor emérito do Regent College, em Vancouver – Canadá, diz o seguinte: Esse livro (a Bíblia) nos torna participantes no mundo da existência e da ação de Deus; nós não participamos dele em nossos próprios termos. Não elaboramos a trama nem decidimos qual será o nosso personagem. Esse livro tem poder gerador: coisas acontecem conosco quando permitimos que o texto nos inspire, nos estimule, repreenda, apare as arestas. Ao chegar ao fim desse processo, não somos mais a mesma pessoa.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Ano Novo, Vida Nova...


Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos corações sábios. Salmos 90:12

São esses os votos que fazemos a cada início de um novo ano em nossas vidas. Ano Novo, vida nova! Sempre pensamos, cheios de determinação, (momentânea, é claro), que vamos mudar os rumos do nosso caminhar, que vamos fazer tudo aquilo que o ano passado não nos “permitiu” fazer, como se o ano que passou fosse o sujeito responsável pelas nossas atitudes, já notaram isso? Como se o ano em curso pudesse autorizar ou desautorizar alguma coisa em nossa vontade. Não conseguimos fazer isso nem aquilo porque o ano que passou foi um ano muito difícil! A culpa é dele, portanto, que em estrita obediência ao tempo, não permitiu que a nossa vontade de mudar fosse colocada em ação porque, afinal de contas, o ano foi regido pelo tempo e o tempo não dá folga pra ninguém, ele manda e desmanda em todo mundo atualmente. Como poderíamos fazer qualquer coisa sem que o tempo, nosso regente, nos autorizasse?

Definitivamente, não mandamos mais no tempo, é ele quem manda em nós...

E afinal, em que pedaço da vida perdemos a autoridade para o tempo? Em que ponto deixamos o correr da existência tomar posse da nossa vontade e fazer dela o que bem quer? Será que foi quando percebemos que a vida é muito curta pra que a gente pare um pouco para pensar em como gerenciar o tempo? Ou foi naquele momento em que começamos a querer viver sem pensar no tempo, uma espécie de Carpe diem perene que nos ordena que hipervalorizemos o momento presente, pois o importante é viver o agora já que o futuro não nos pertence? Será que foi aí que perdemos a nossa autoridade e passamos a ser escravos do tempo e das necessidades que nós mesmos criamos pra preencher esse tempo? Poderia ter sido o acúmulo de trabalho para garantir essas necessidades? Ou será que algo misterioso engoliu parte do nosso tempo feito um “buraco negro” e não temos mais o suficiente à nossa disposição?

Na verdade existem tantas respostas diferentes para essas perguntas, e, talvez, essas respostas nem ajudem muito na solução do problema. O que mais importa é que precisamos tomar de volta o governo do nosso tempo. Não podemos nos submeter a ele como se ele fosse a mente racional que nos dirige. Podemos organizar as coisas e priorizar nossas ações de modo que o tempo esteja sob a nossa direção e não o contrário. Muitas vezes com medidas simples, como colocar o despertador para tocar alguns minutinhos mais cedo; quem sabe desligar a TV e o computador um pouco mais cedo, ou “ligar” um pouco mais tarde do que costumamos fazer e aproveitar esses minutos fazendo aquilo que dizemos não ser possível por falta de tempo... Se procurarmos nas muitas atividades automáticas que desempenhamos diariamente por puro hábito, encontraremos muitos dos minutos preciosos que dizemos nunca encontrar quando precisamos deles.

Muitos costumes desenvolvidos pelo progresso e pela modernidade roubam minutos preciosos que poderíamos empregar naquele exercício físico que o médico tanto nos cobra; naquela conversa a dois que sempre adiamos porque vai mexer com pontos delicados de algum relacionamento; naquele tempo de atenção tão necessário para ouvir a necessidade de um filho e oferecer opções de decisões que ele pode estar precisando desesperadamente; naquela visita que sabemos que precisamos fazer a um parente ou amigo doente ou solitário; etc., etc... Enfim, “last, but not the least”, teremos aqueles minutos de recolhimento para buscar a presença de Deus e ouvir sua voz através das impressões que Ele coloca em nosso espírito. Deixei essa por último de propósito na lista porque realmente algumas pessoas acham que é aí o lugar dessa necessidade. Nada mais enganoso do que isso! Essa deveria ser a prioridade número um em todos os nossos dias. Se entregarmos as “primícias”, ou seja; a primeira parte do nosso dia a Deus, Ele se encarregará de abençoar o restante dele. O conceito de bênção inserido na oferta de primícias que Deus ensina ao seu povo no Velho Testamento, (Levítico 23.9 – 11) permanece até hoje e não se trata apenas de bênção material, mas também espiritual, de aceitação por parte de Deus. Veja esse texto em Romanos 11.16: “ E se forem santas as primícias da massa, igualmente o será a sua totalidade; se for santa a raiz, também os ramos o serão.” O conceito que existe por trás da oferta de primícias que Deus nos ensina carrega a promessa de aceitação e bênção, e notem bem que estou me referindo ao conceito, não estou sugerindo que ninguém volte a viver debaixo da lei, digo isso por causa das mentes “hábeis” em criticar. Confira o texto de Levítico: “Disse mais o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra, que vos dou, e segardes a sua messe, então, trareis um molho das primícias da vossa messe ao sacerdote; este moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos...”

Tudo o que Deus nos ensina no AT (Antigo Testamento) são realidades espirituais que Ele mesmo revelou no mundo físico, para que o povo pudesse compreender que essas duas dimensões estão relacionadas sempre. Muitos desses conceitos permanecem na nossa realidade espiritual debaixo da graça. Se buscarmos a Deus nas primícias do nosso dia, estaremos ofertando a Ele os primeiros minutos do nosso tempo e cumprindo, também “temporalmente” e não apenas no sentido prioritário revelado no versículo, outro mandamento de Jesus: Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Mateus 6.33

Agindo assim, com certeza, estaremos aproveitando e organizando muito bem o nosso tempo, para que alcancemos realmente coração sábio e uma vida nova nesse novo ano de 2015.