A Palavra

Eugene H. Peterson, professor emérito do Regent College, em Vancouver – Canadá, diz o seguinte: Esse livro (a Bíblia) nos torna participantes no mundo da existência e da ação de Deus; nós não participamos dele em nossos próprios termos. Não elaboramos a trama nem decidimos qual será o nosso personagem. Esse livro tem poder gerador: coisas acontecem conosco quando permitimos que o texto nos inspire, nos estimule, repreenda, apare as arestas. Ao chegar ao fim desse processo, não somos mais a mesma pessoa.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Quem Ama Cuida!


“Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito. ” Colossenses 3:14

Muitas pessoas não entendem a insistência dos cristãos em alertar aos que não andam nos caminhos estipulados por Deus na Bíblia para que “mudem” de atitude. Pensam que isso é apenas “chatice” típica de evangélico fanático, que não tem respeito pela fé dos outros. Pois olha que não é! Vou deixar aqui alguns dos motivos pelos quais queremos tanto que as pessoas mudem de comportamento e de pensamento. Não se trata de teimosia nem de implicância e muito menos de arrogância. O que acontece é simplesmente o seguinte:

Primeiro: A fé não é uma competição, pelo menos não para um verdadeiro cristão. Ela é uma certeza que nos leva a viver de acordo com aquilo que cremos. Se eu creio realmente em algo, tomo aquilo como verdade para minha vida, e nesse caso, a fé deixa de ser uma “filosofia bonita” que eu gostaria que fosse verdade e passa a ter um significado vital para mim, a ponto de eu me preocupar se os outros não têm essa mesma certeza e o mesmo destino reservado a quem participa desta fé. Se eu acredito que a Bíblia me mostra a maneira correta de viver para que um dia eu possa morar com Deus em um mundo totalmente renovado e perfeito, eu vou querer o mesmo para qualquer pessoa que eu amo neste mundo. Quero isso até para os que eu nem conheço.

A fé para um cristão verdadeiro não é apenas uma esperança bonita com a única finalidade de trazer alívio à consciência e ao fato de não termos respostas para certas coisas aqui neste mundo. Se a fé for uma opção com função paliativa ou de embelezamento da vida e que está à disposição das pessoas como uma escolha qualquer que não vai influenciar em seu destino final, então podemos deixar que pessoas importantes para nós vivam do jeito que quiserem sem nos preocuparmos com o que acontecerá à alma dessas pessoas. Portanto, a preocupação genuína com o destino da alma das pessoas é um dos motivos que nos levam a batalhar e até usar palavras duras para alertar a quem amamos.

Segundo: A fé é o veículo que nos conduz a uma vida que será eterna, pois ela leva nosso espírito até o seu destino final. Nosso corpo físico não é eterno, mas o espírito é. Se eu acredito realmente que existe um caminho que me leva para os braços de Deus e vejo uma pessoa querida caminhando para o lado oposto, rumo ao nada ou ao perigo, seria muito estranho se eu fechasse os olhos e deixasse essa pessoa continuar seu caminho mesmo sabendo que ela vai em direção a um precipício sem volta. Se eu acredito na Bíblia e ela me garante que existe um inferno (lugar onde as pessoas estarão separadas de Deus para sempre, em eterno sofrimento) é claro que não vou querer que ninguém vá para lá. Que amor seria esse? Que fé seria essa?

Aí você pode perguntar: Quem garante que a verdade é o que você crê? Quem me garante é, em primeiro lugar, uma revelação interior dada pelo próprio Espírito Santo de Deus; justamente a isso chamamos de fé, que é um dom de Deus. Veja isto: “Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro, fé, pelo mesmo Espírito...” (1 Coríntios 12:8,9). Em segundo lugar, é uma revelação exterior: Deus mesmo deixou evidências do que é e do que NÃO é verdade para que os seres que Ele criou não se percam pelo caminho da vida. A Bíblia é uma das Suas maiores evidências da verdade. Ali temos inúmeras profecias que já se cumpriram e que foram faladas pelos profetas que Deus enviou como “boca” d’Ele aqui no mundo e também pelo próprio Filho d’Ele, Jesus. A maioria dessas profecias já se cumpriram e algumas ainda estão em andamento, provando assim que a Bíblia está muito longe de ser um livro qualquer. Ela é um guia deixado por Deus para nós nesta dimensão. Veja o que diz a Bíblia em 1 João 5:20: “Sabemos também que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento, para que conheçamos aquele que é o Verdadeiro. E nós estamos naquele que é o Verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. ”

Além da Sua palavra que é primordial e condutora de todas as nossas atitudes, Deus deixou ainda pessoas com autoridade espiritual para continuar agindo como “boca” de Deus aqui no mundo. É claro que a interferência do lado oposto sempre existiu no reino espiritual e sempre existirá, mas é isso mesmo que torna a Bíblia tão importante; ela é a orientação para que não nos deixemos enganar pelos falsos profetas, falsos líderes com suas falsas visões e falsos caminhos que, inclusive, já foram previstos na própria Bíblia há milhares de anos.

Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus deixada para nos guiar, seria muito estranho mesmo se guardássemos isto apenas como uma bela revelação para nós e ponto final. Ou nossa fé é uma verdade que nos move em favor dos outros também ou ela é inútil. Sendo a Bíblia uma realidade para nós, como seria possível ignorar os seguintes textos encontrados nela? Preste atenção:

“Lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados. ” Tiago 5:20

“Quando eu [Deus] disser ao ímpio que é certo que ele morrerá, e você não falar para dissuadi-lo de seus caminhos, aquele ímpio morrerá por sua iniquidade, mas eu considerarei você responsável pela morte dele. Mas, se você de fato advertir o ímpio para que se desvie dos seus caminhos e ele não se desviar, ele morrerá por sua iniquidade, mas você estará livre da sua responsabilidade. ” Ezequiel 33:8,9.

“Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos. ” Provérbios 27:6

“Está escrito: "Cri, por isso falei". Com esse mesmo espírito de fé nós também cremos e, por isso, falamos...” 2 Coríntios 4:13.

“Há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte. ” Provérbios 14:12

“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão". (Jesus Cristo) em Mateus 24:35

“Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. Estas palavras que vocês estão ouvindo não são minhas; são de meu Pai que me enviou. ” (Jesus Cristo) em João 14:24.

Nem todos são ímpios, nem todos são iníquos, há muita gente maravilhosa e que se comporta dentro de um padrão mais alto até do que se vê em muitas igrejas por aí. Porém, só isso nunca foi parâmetro para garantir a nossa entrada no céu. Como vocês viram em um dos versículos acima, há caminho que “parece” certo, mas não é. Existe uma lei espiritual embutida nas palavras de Jesus, e, portanto, aquele que “não guarda” as Suas palavras, está rejeitando a lei de Deus, e, consequentemente, estará tão perdido quanto o ímpio e o iníquo. Esse é o grande problema e é por isso que tanto insistimos; por amor aos que não estão guardados pela verdade de Jesus Cristo, mas estão sendo guiados por belas filosofias que quando bem analisadas percebe-se que estão em discordância com a lei de Cristo descrita na Bíblia e por isso conduzirão à separação eterna de Deus.

A verdade é a essência da tua palavra, e todas as tuas justas ordenanças são eternas.

Salmos 119:160

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Está Sofrendo?

Está sofrendo?

A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça.” Isaías 42. 3

Sempre que eu lia esse versículo na Bíblia eu ficava pensando no real significado dele e não entendia muito bem. O texto é uma referência a Jesus como o eleito de Deus para trazer redenção e justiça; a verdadeira justiça, aos seres humanos. Até aí tudo bem, mas o que Deus quis dizer quando declarou que Ele não quebraria a cana trilhada e nem apagaria o pavio fumegante?  


É claro que com o passar do tempo ouvi várias interpretações e explicações sobre isso e passei a entender o sentido do texto, mas nenhuma dessas explicações achei tão clara como a que eu ouvi em uma pregação do Pr. Luciano Subirá.  Ele conta que quando esteve como Pastor de uma Igreja no interior do Paraná, ele viu-se em uma realidade ambiental e cultural muito diferente da que sempre conhecera morando em Campinas. Um dos membros da sua Igreja no interior do Paraná, que era fazendeiro e plantava trigo, ofereceu-se, então, para levá-lo a um passeio pela sua fazenda onde ele lhe mostraria como era o dia a dia de um grande agricultor.

Enquanto entravam de caminhonete pela imensidão do campo de trigo, o Pastor se preocupava com o trilho que era deixado atrás deles pelos pneus do carro que praticamente esmagavam as plantas. Ele pergunta, então, ao fazendeiro, se ele não estava estragando aquela parte da plantação e ele lhe garante que não. Embora o pastor duvidasse, o fazendeiro provou que isso não acontecia. Descendo da caminhonete, ele lhe mostra uma parte da plantação por onde ele já havia passado dias antes e que tinha ficado completamente “deitada” no campo, mas naquele momento estava quase que totalmente em pé novamente. O fazendeiro pegou um pedaço de caule de uma das plantas que estava trilhada e lhe mostrou que apenas quando o caule se partia completamente não seria mais possível que ela se regenerasse, e não era o que acontecia ali, mesmo com todo o peso da caminhonete que as deixava deitadas no campo, como se estivessem esmagadas. Contudo, elas não tinham sido “quebradas” totalmente em seu caule.

A cana trilhada, a que se refere a Bíblia, é esta parte do caule do trigo, que embora seja muitas vezes esmagada, se não foi quebrada tem a capacidade de se regenerar e levantar-se novamente sem ter sua produção prejudicada. Não é à toa que os filhos de Deus são comparados ao trigo na Bíblia e os filhos do maligno são comparados ao joio, que é muito parecido com o trigo, mas não passa de erva daninha. O joio é em tudo muito parecido com o trigo, mas a sua diferença se manifesta apenas com o passar do tempo, quando se percebe que as espigas do joio são mais alongadas e possuem apenas uma gluma (espécie de membrana externa basal que rodeia as espiguetas) e as do trigo possuem duas glumas. Outra diferença se dá na coloração do trigo que na sua maturação se torna acastanhado enquanto o joio se torna preto. Aqui se compreende também porque o dono do campo na parábola do joio e do trigo em Mateus 13 não permitiu que os servos separassem o joio do trigo a não ser no tempo da colheita, depois da maturação.       

Voltando à questão da cana trilhada, muitas vezes somos “trilhados” por Deus, por motivos que só Ele mesmo conhece; assim como aconteceu com Jó, não será nunca para a nossa destruição, mas sim para nossa confirmação e maturação. Como o trigo, podemos chegar a nos prostrar, mas pelo cuidado do Senhor em não quebrar nosso caule, temos a capacidade de nos levantar novamente e continuar no processo de maturação até que estejamos prontos para a colheita e a nossa diferença com o joio possa ser facilmente distinguida.
O texto do início nos mostra que Jesus veio para aplicar a justiça, verdadeiramente, para cumprir Sua missão de nos resgatar do erro, mesmo que para isso, às vezes, seja necessário nos deixar como a “cana trilhada”. Contudo, Ele não veio para “quebrar” o que já está caído, nem para terminar de apagar o “pavio que fumega”, pois se um pavio já está fumegando é porque seu fogo já está se extinguindo. Pelo contrário, Ele veio para nos restaurar, para levantar os caídos e reacender a chama da esperança e da fé, assim como nos acender com Seu Espírito para que possamos “ser luz” que ilumina o caminho por onde andamos e por onde outros caminham juntamente conosco. Pense nisso e não desanime quando se sentir prostrado pelas circunstâncias da vida. Deus está ao seu lado e Ele mesmo vai te reerguer.

Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus".
 Mateus 5.16.